Quão alto é possível construir um edifício?

Você já percebeu que, a cada ano que passa, um novo projeto de edifício surge, desbancando em altura o que até então era considerado o maior do mundo? Com isso acontecendo frequentemente, uma curiosidade está intrigando a cabeça de muitas pessoas: até onde é possível “subir” um prédio?


A pergunta que não quer calar é: será que esta corrida para as alturas nunca vai chegar ao fim? Não no futuro próximo, pelo menos. Mas tem que haver algum tipo de ponto final, alguma maior altura possível que um edifício pode alcançar, certo? Ou será que é possível construir edifícios cada vez maiores, indefinidamente? A gente responde!


O que dizem os especialistas


Pergunte a um profissional especializado em construções de arranha-céus e ele dirá que existem muitas limitações que impedem torres de subirem cada vez mais alto, não apenas a “altura” de fato – como os materiais, conforto físico humano, tecnologia dos elevadores, etc. Além disso, um outro fator, talvez o mais importante e que muitas vezes acaba passando despercebido, é o dinheiro para tal investimento, pois não adiantaria nada construir o maior edifício do mundo se ele não for viável e sustentável financeiramente.


Pessoas interessadas em discutir sobre o fenômeno de arranha-céus recentemente perguntaram a um grupo de arquitetos especializados e designers sobre algumas das limitações de edifícios altos. Eles se perguntavam: “Qual você acha que é o principal fator limitante que impediria a humanidade de criar uma torre de 1500 metros ou mais alta ainda”? As respostas tendem a concentrar-se nos aspectos técnicos de lidar com o financiamento ou a falta de luz natural em edifícios baseados em largura.


“O problema predominante é no sistema de elevador e transporte”, diz Adrian Smith, o arquiteto por trás do atual edifício mais alto do mundo e aquele que em breve superará isso, a quilômetros de altura, chamado de Kingdom Tower, em Jeddah, na Arábia Saudita.


Mas em termos de limitações estruturais, o perito final é William Baker. Ele foi o engenheiro estrutural de grandes projetos, como Skidmore, Owings e Merrill. Em todos, ele utilizou um sistema conhecido como o núcleo reforçado, que permite aumentar consideravelmente a estabilidade do edifício. Baker diz que o projeto do núcleo reforçado poderia ser usado para construir estruturas ainda mais alto do que o Burj Khalifa, hoje um dos maiores e mais impressionantes do mundo. “Nós poderíamos ir duas vezes aquele tamanho, quem sabe até um pouco mais. Nós poderíamos facilmente fazer um quilômetro. Poderíamos facilmente fazer uma milha”, diz ele.


Limitações técnicas


“Uma ideia para um novo sistema seria edifícios com bases ocas. Pense na Torre Eiffel”, diz Tim Johnson. Qualquer edifício muito, muito alto teria que ser como uma versão superdimensionada do ícone francês, caso contrário, os pisos inferiores necessários para suportar a estrutura seria grande demais e poderia simplesmente ceder.


“Provamos que é fisicamente possível construir um edifício de uma quilômetro e meio de altura. Se alguém tivesse pedido um projeto de dois quilômetros, nós provavelmente poderíamos ter feito também”, diz Johnson. “Muito disso se resume a dinheiro. Quem é que vai ter esse tipo de capital”?


Mais alto que o Everest!


Teoricamente um prédio poderia ser construído pelo menos tão alto quanto 8.848 metros, ou seja, do tamanho do Monte Everest. A base dessa montanha, de acordo com cálculos teóricos, é de cerca de 4.100 quilômetros quadrados, uma enorme pegada de um edifício, mesmo um com um núcleo oco. Mas, dados os sistemas estruturais como o núcleo reforçado, a base provavelmente não precisa ser quase tão grande quanto a de uma montanha.


Então, nós ainda não sabemos realmente como o edifício mais alto possível seria. Vai depender não apenas de cálculos estruturais e tudo que os envolve, mas também a logística dos elevadores, iluminação natural, etc. E claro, de quantos milhões (ou bilhões) o investidor do projeto está disposto a gastar.


Fonte: City Lab