Reciclagem energética: saiba o que é e como funciona

16 Jun 2017

A reciclagem é um processo bastante comum e que foi popularizado nas últimas décadas. Através dela, resíduos de plástico, vidro, metal e papel, que antes eram descartados, são reaproveitados e transformados em novos materiais. Mas, e a reciclagem energética?


Ela também aproveita os resíduos, mas de outra maneira: transformando-os em energia térmica ou elétrica (ou, ainda, em ambas). Os materiais são aqueles que não podem mais ser reutilizados nem reciclados. Por outro lado, ao substituírem os óleos combustíveis, promovem a combustão e reduzem o uso de combustíveis fósseis.


Por ter alto poder calorífico, o plástico é o material mais apropriado para a reciclagem energética. Para se ter uma ideia, um quilo de plástico é equivalente ao mesmo peso de óleo diesel. O ideal é que o material seja separado por categoria. Por exemplo, quando separado, o valor combustível chega a 42 mil BTU/kg de resíduo, enquanto misturas de plásticos dos lixões e aterros equivalem a 9 mil BTU/kg.


Na reciclagem energética, a energia é produzida através da força do vapor que resulta da queima dos resíduos. Ele, por sua vez, move a turbina e, por meio da energia cinética, gera a energia elétrica. Uma tonelada de plástico produz cerca de 650 kWh de energia. Para isso, a temperatura do forno precisa ser de 950°C, sendo que os gases da combustão oxidam dois segundos a mais de 1000°C.


Vantagens e desvantagens


A reciclagem energética não gera efluentes líquidos, já que água é neutralizada e reutilizada. Os gases poluentes que saem durante o processo são tratados e purificados. O vapor e monóxido de carbono são liberados em quantidades insignificantes. As cinzas, por sua vez, podem ser usadas na construção civil, servindo de matéria-primas para telhas e tijolos.


Os materiais não precisam ser tratados antes do uso nas caldeiras, tornando o processo uma maneira de higienizar e eliminar agentes biológicos nocivos. As plantas das usinas de reciclagem energética são pequenas e podem ser instaladas em áreas urbanas, já que produzem baixo ruído. Isso também faz com que a logística do transporte dos resíduos seja mais barata.


Por outro lado, esse processo custa mais caro do que reaproveitar os materiais com outras formas de reciclagem. Outra desvantagem é que os resíduos plásticos são os mais viáveis energeticamente, sendo necessário garantir seu fornecimento às usinas de reciclagem energética por meio de uma estrutura logística para a coleta e o transporte dos materiais.


Reciclagem energética no Brasil


A única usina brasileira desse tipo é a Usina Verde, que fica no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e tem caráter experimental. Como a implementação dessas estruturas é bastante cara, outros projetos do tipo acabaram se tornando inviáveis.


Por exemplo, havia um projeto de desenvolvimento de usina no polo petroquímico de Mauá (SP). Mas, o investimento de R$ 500 milhões para a construção da unidade de 60 MW de capacidade instalada inviabilizou a planta.


Futuramente, os obstáculos para a implementação das usinas de reciclagem energética poderão ser solucionados com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), criada para definir como o Brasil deve lidar com o lixo e exigir a transparência no gerenciamento de resíduos dos setores públicos e privados.


Exemplos internacionais


Na Alemanha, a reciclagem energética ajudou a eliminar completamente o uso de aterros. Aliás, a maior parte dos países que apostam nessa medida faz parte da União Europeia: são mais de 400 usinas, que produzem 10 mil MW de energia elétrica ou térmica. Nos Estados Unidos, essas usinas fornecem energia a 2,3 milhões de residências.


Fontes: eCycle, Pensamento Verde e Jornal do Comércio.